sábado, 5 de setembro de 2009

shame on me (novamente para o vasco)


Sim, às vezes ainda como galinha. Raramente...
Mas como...

Sophia de Mello Breyner Andresen

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.

3 comentários:

  1. Conhecia o poema, é bonito mas confesso que lhe prefiro os contos...
    Mas não é vergonha nenhuma comer galinha! É até muito bom, numa canjinha quando se está doente! :P

    ResponderExcluir
  2. Pois, a galinha do campo...
    Mas é vergonha, sim, se ela for morta de forma a sofrer...

    ResponderExcluir
  3. eu gosto da poesia de Sophia; este poema, acho-o, sobretudo, acutilante.
    também gosto dos contos, pois.

    ResponderExcluir

reservo-me o direito de não publicar comentários ofensivos ou reaccionários.

Seguidores

clientes