quinta-feira, 6 de agosto de 2009

não acontece todos os dias...

Hoje tive um pedido de casamento de um homem de saias (e que belas pernas e doce sorriso que ele tem).
Não fora eu uma mulher apaixonada e não sei se resistiria...
É Nigeriano, tratámos de negócios e quando ele me disse «God bless you», respondi-lhe «I don't do business with god».
Expliquei-lhe que não fazia as coisas para ganhar um condomínio privado no céu :-)))
Ele estava agradecido porque não conseguira honrar uma parte do contrato e pedira-me mais algum tempo, que eu dei, sem refilar. Ele trabalha para uma causa que considero justa e é isso que me interessa.
- Se se sentir feliz e eu tiver contribuido para essa felicidade, esse é o meu céu; se estiver triste e eu nada puder fazer para combater essa tristeza, esse é o meu inferno.
- I'm begining to like Europe! - respondeu num largo sorriso.
A partir daí, a conversa discorreu informal, cortada de quando em vez pela gargalhada que ele dava quando se lembrava do meu «I don't do business with god».
conversa para cá, conversa para lá... declarou-se apaixonado e disse que queria casar comigo. Expliquei-lhe que sou «monoândrica». Sorriu. Como não uso aliança, julgava-me descomprometida.
Sorri: «Ninguém é de ninguém, pelo que não preciso de anilha».
A conversa continuou bem disposta.
Na próxima reunião vou levar-lhe uns mimos da doçaria conventual portuguesa. Comidas e bebidas ainda são, para mim, as melhores coisas que a clausura dos conventos nos deixou.
...........................

Foi talvez por esta conversa tão recente que, ao ler o comentário do Vasco, me lembrei de que tinha ouvido referências ao reverendo nigeriano e fui à procura do vídeo para lho mostrar :-)

7 comentários:

  1. Eh pah o nigeriano deve ser um engatatão! Cuidado!
    Posso ver que a reunião não podia ter corrido melhor!

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  2. É óbvio que é um engatatão, mas não se preocupe
    :-)
    Mas sabe o que mais me fascinou (para além da forma descontraída como usava a saia (que deve ter um outro nome)? A alegria de viver!
    Estava a escrever e ia a dizer «uma alegria de criança»; depois lembrei-me de que há muitas crianças que não têm aquela alegria, nomeadamante no país dele. É claro que se trata de um Nigeriano atípico, que fala fluentemente 7 línguas (foi engraçado porque, quando entrámos na parte da conversa informal, deixámos o inglês e começámos a falar misturando francês, espanhol e português, ao ritmo da conversa).
    Por acaso, não lhe falei das questões da homossexualidade nem lhe perguntei como reagem as pessoas à sua saia. Talvez na próxima. Agora fiquei com curiosidade. Não duvido da sua heterossexualidade e acho delicioso que se combine tão bem com uma saia fresquinha, no Verão :-)
    Ficaria decepcionada se ele se revelasse homofóbico - mas também não me surpreenderia.
    De qualquer forma, Vasco, não se preocupe, não perigo de eu vacilar. Não, nesta fase da minha vida.
    :-)

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  3. Oh... Não perca a capacidade de se surpreender! eheheh
    Mas realmente fiquei muito curioso com o nigeriano... Uma pessoa assim, como descreve, não aparece muito frequentemente no meu dia-a-dia. Deve haver tanto a conhecer e a aprender dele! Formas de ver e pensar diferentes das nossas, formas de viver diferentes... Estamos num país tão pequenino e fechado em si mesmo que esse tipo de pessoas são uma lufada de ar fresco neste "fulgor baço da terra /que é Portugal a entristecer".

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  4. não perco, não! Isso não perco (acho eu).
    Quando era jovem, corri a europa com o inter-rail; posso dizer-lhe que, em questão de cidadania e cultura geral foi essa uma das minhas melhores escolas. Fascina-me a diferença, a alteridade. Não entendo como é possível fazer turismo em hotéis clube méd e macdonalds...
    Agora, fonfesso a minha ignorância: não conheço o texto citado mas tocou-me. Diga-me de quem é, PLEASE. Queria ter sido eu a escrever :-)
    Voltando ao interrail: eu acho que devia ser obrigatório; em vez do serviço militar, deveria ser obrigatório fazer um mês de interrail!
    Acho que nos tornaríamos menos pequeninos. Menos mesquinhos. Menos idiotas.

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  5. claro que não fonfesso a ignorância, confesso-a!
    :-)
    mas o meu lapso não deixa de ser engraçado: é que quando estava a escrever aquela parte estava a perguntar-me se o texto seria de Fernando Pessoa :-)))

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  6. É sim, Pessoa.
    É do poema Nevoeiro, o último da Mensagem.
    É um livro que por vezes anda comigo... Como um amuleto...

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  7. Vasco, agora fiquei contente comigo :-)
    ainda não perdi a sensibilidade toda
    (mas há muito que não leio poemas)

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